Psicanálise
PSICANÁLISE
Etimologicamente, a palavra psicanálise deriva da junção dos étimos psiché (que significa alma, espírito, sopro da vida) e análysis (que significa análise ou decomposição em partes).
A psicanálise é:
1. Um método de investigação dos processos mentais inconscientes que, de outra forma, são praticamente inacessíveis à consciência do indivíduo. Esses processos inconscientes são responsáveis, por exemplo, pelos sonhos, pelas fantasias e pela forma intrínseca como nos relacionamos com os outros. Influenciam de modo decisivo os nossos comportamentos, as relações interpessoais e também a grande maioria das patologias mentais.
2. Um corpo autónomo de teorias psicológicas e psicopatológicas, resultante da sistematização dos dados obtidos através da investigação das relações precoces, na área da vinculação, e através da investigação do inconsciente desenvolvida ao longo dos processos psicoterapêuticos.
3. Um método psicoterapêutico - ver Psicoterapia Psicanalítica - para o tratamento de um número variado e crescente de perturbações mentais, baseado na investigação das relações inconscientes. Para além de ser um método terapêutico, a psicanálise tem também uma função trans-terapêutica, ou seja, é procurada também por pessoas que desejam aprofundar o auto-conhecimento (por exemplo, todos os terapeutas com formação em psicanálise, passam eles próprios por um processo terapêutico psicanalítico, para poderem trabalhar de forma mais eficiente e genuína com os seus pacientes).
A psicanálise procura o significado mais profundo dos fenómenos psíquicos e relacionais, perguntando:
- qual o significado dos conflitos internos do indivíduo?
- porque resiste a tomar consciência desses conflitos?
- de que forma camufla esses conflitos?
- quais são os efeitos patogénicos dos conflitos por resolver?
- de que forma pode solucionar e libertar-se desses conflitos?
- ...?
A psicanálise permite ao indivíduo encontrar respostas a perguntas que ainda não foi capaz de colocar sozinho, mas sempre criando as suas próprias respostas, únicas e diferentes de pessoa para pessoa, de modo a resolver as dificuldades que o consomem e que lhe causam um sofrimento muitas vezes aparentementeirracional e inexplicável.
Sendo verdade que a psicanálise, na sua vertente psicoterapêutica, assenta narelação de confiança e confidencialidade entre o terapeuta e o paciente, esta relação é diferente de todas as relações importantes do paciente (relações amorosas, familiares, de amizade). É uma relação diferente porque o padrão de relação oferecido pelo terapeuta ao seu paciente é radicalmente novo e diferente daqueles que o paciente tem vindo a repetir ao longo da sua vida, o que lhe vai permitir introduzir mudanças genuínas e duradouras na sua vida (incluindo a forma como vivencia os seus afectos e comportamentos, clarificando os aspectos inconscientes dos seus sintomas).
É um erro comum considerar que a psicanálise se centra no passado da vida do paciente e naquilo que obviamente já não pode ser alterado - ou seja, é um mito mais do que uma realidade, mito esse que os psicanalistas actuais têm vindo a desconstruir. A psicanálise é hoje um método psicoterapêutico e científico centrado no presente (no aqui e no agora das relações afectivas) e virado para o futuro(investigação do que permanece por descobrir a nível da globalidade do funcionamento psíquico).
A QUEM SE DESTINA O TRATAMENTO PSICANALÍTICO?
Destina-se ao paciente com disposição e motivação para:
(1) Examinar os seus próprios sentimentos e comportamentos, para ouvir e ser ouvido num contexto de confidencialidade, segurança e confiança afectiva.
(2) E para alterar ou resolver os aspectos de si mesmo que lhe causam diversos graus de sofrimento e incapacidade.
Os pacientes que habitualmente procuram o tratamento psicanalítico apresentam as seguintes queixas:
«timidez, solidão, inibição social, baixa auto-estima...»
«ansiedades, ataques de pânico, fobias, medos irracionais, depressões...»
«dificuldades várias nas relações conjugais, amorosas, íntimas, sexuais...»
«sentimentos de vazio, apatia e inutilidade, culpa e inferioridade...»
«dificuldade em ter prazer, descontrolo dos impulsos, auto-depreciação ou comportamento auto-destrutivo...»
«dificuldades no trabalho ou estudo, angústia sem explicação, medo do fracasso ou sucesso...»